DE MINHA ANATOLOLGIA
PESSOAL
Por onde ia acariciava
no olhar...
(Quaresmeiras)
Por onde ia acariciava
no olhar
de ventura tão breve
as quaresmeiras acentuando
em roxo
o esvair do dia.
Não falavam elas da
tristeza
que a alma roía pelas ramas,
nem do desamparo
que o acolchoado musgo
segreda pelas pedras.
Naquelas flores roxas
não pousava a tristeza
da vida,
nem a desolação do
amor,
nem a humana flor
caída.
Abriam apenas o gineceu
propício à fecundação
solar.
Apenas levantavam no
cálice
a cor que a estação
desenha
sobre a luz de
exaltação e nácar.
Não servem suas flores
roxas
ao anúncio as
sextas-feiras tredas.
Não serve seu aleteado
esgar,
como feridas, nas
salvas do vento.
Não servem ao pão
amargo do poeta
sua escassa fome, seu
negado alimento.
Balançam, sem pejo, no
álacre estrépito
que o dia move
perecendo.
E não se dão conta,
essas flores roxas,
de nenhum sentir que a
humana
e s exasperada angústia
exala.
Não conciliam sobre o perdido
amor
nem sobre a falta
pungente
que, ao fluxo, oclui e cala.
Seguem no vento o com
seu bailado
de indiferente formosura
e viço.
Apenas pulsam na
gratidão solar do dia.
Apenas comungam na
glória da estação,
sem pressa, sem temor,
sem tempo,
negando a ânsia de
intenção,
que em tudo, humana dor
e humanos
olhos viam.
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