Disse assim, o poeta, arrastando urzes:
Quando se passar a fome, o frio,
e os ásperos estios, descansarei as cruzes
e darei ao amor seu tempo e
passadio.
Corridos dias, distâncias, cicatrizes
Disse o poeta: Espero a chuva, a revoada,
a esplendência solar, a primavera
para ceder ao amor sua morada.
Passaram- se os dias, na débil fala,
diz o poeta ao amor, já ressequido,
em franca voz contenciosa e certa:
pode chegar, Amor, à porta aberta.
E quem restou sempre em calada
Espera de chamamento e acolhida,
Não deseja, não canta, entristece
Sofrendo anseia uma outra vida.
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