sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

UM POEMA DE ÍTALO CAMPOS


Da série: Poemas não publicados (veis)

   DA VARANDA



Ítalo Campos.
Marataízes, a 40 Km
Se avista d´aqui.



Como procissão, os vagalumes da cidade
Pirilampam num cortejo de festa
À rainha da noite.
Vejo o mar inquieto e sonante
A enviar para a praia as impurezas do dia e
Carregar para si meus sonhos.
O mar é salgado das lágrimas
Das mulheres de Anchieta e Lisboa
Pois o mar não está mais para peixes
E descobertas.
Oh, o mar que separa e une,
Reúne e atravessa.
Antes do mar avisto telhados curvos
Abrigando dor e saudades,
Quem sabe algum amor.
Sobre eles, o pára-raio e as palhas.
As palhas em balanço de guardar.
Sons do universo em voz de vento
Trança palhas em movimento.
Avisto pára-raio estático pronto
Para a tormenta.
Eu,
Eu que a natureza observo, amoroso,
Não tenho retorno, nenhum sinal,
Nenhum conforto em minha solidão
E dor. Existencial!
A noite segue longa gotejando
A breve vida inteira.



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